O aniversário de 75 anos de Wolfsburg, a cidade-fábrica da Volkswagen, foi em maio. A VW não fez muito alarde a respeito da data, principalmente por causa da associação com aqueles caras que Indiana Jones gostava de matar, mas acreditamos que seja uma data importante – especialmente por causa desta relíquia estranha e esquecida: o protótipo EA 97/1.
O emblemático Fusca era claramente um projeto dos anos 1930, e continuou parecendo um projeto dos anos 1930 ligeiramente atualizado até o fim da sua produção, em 2003. Mas a VW sabia disso. Os escritórios deles tinham janelas, afinal, e eles tinham consciência de que estavam enganando o habitual destino de todo carro com o sucesso persistente de um projeto tão ultrapassado.
Eles começaram o trabalho de pesquisa e desenvolvimento de atualizações e substitutos para o Fusca já nos anos 50, e muitos deles acabaram se tornando modelos de produção, como o Type III, Type IV, Brasilia, entre outros, mas nenhum deles conseguiu de fato substituir o Fusca até a adoção de carros com motor refrigerado a água e tração dianteira. Vocês sabem, o Golf e o Gol.
Este protótipo em particular, chamado EA 97/1, foi uma das primeiras tentativas reais de modernizar o visual do Fusca mantendo sua identidade e personalidade intactos. É como o New Beetle dos anos 50. O Old New Beetle. O Benjamin Beetle. Enfim.
O projeto foi iniciado em 1957 pelo estúdio Ghia, que já havia trabalhado em parceria com a VW no Karmann-Ghia, e por isso já estavam acostumados em trocar carrocerias sobre o chassis da Volkswagen. Não se sabe se este carro foi encomendado pela marca desde o início ou se foi proposto pelo estúdio Ghia por conta própria, mas ele tem um número oficial da VW para os protótipos. Portanto, em algum momento houve uma pesquisa “oficial” da VW para o projeto.
Pessoalmente, acho o design bem fascinante, tanto pelo modo como ele mantém elementos do projeto original quanto pelas mudanças. O elemento mais arcaico, os para-lamas separados da carroceria, se foram, dando lugar a para-lamas integrados. Bem, ao menos na dianteira — a traseira continua com para-lamas parcialmente separados, com uma curva no início que dá lugar a uma linha reta até o final da carroceria.
As linhas gerais foram suavizadas, com as dobradiças expostas e piscas no topo dos para-lamas desaparecendo e proporcionando uma superfície limpa. O carro não é muito diferente de outros modelos da época com este tratamento, como, digamos, o Fiat 600 e o Volvo PV544. O caráter do Fusca foi mantido no capô e na tampa do motor, ambos próximos do visual original.
O capô continua com os vincos característicos, parecidos com as marcas na carapaça de um besouro, enquanto a tampa traseira é virtualmente idêntica à dos Fusca do fim dos anos 60, com a larga cobertura para a luz da placa e sem entradas de ventilação. Somando o visual dos para-lamas, podemos ver aqui o gênese do Porsche 356 e, mais ainda, a origem do VW Type III (conhecido por aqui como 1500).
O Fusca nunca seguiu a tradicional linha de atualizações e reformas baseado nas constantes mudanças no estilo e preferências mundiais, então este protótipo é um verdadeiro unicórnio e, surpreendentemente, pouquíssimo documentado na Internet. Para quem tem mesmo curiosidade em saber como seria o Fusca se tivesse seguido o caminho normal de mudanças tecnológicas e visuais, tenho certeza que alguém diria para procurar a resposta em uma concessionária Porsche.
Créditos: Jalopnik
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