Ao apresentar o novo Fusca no Brasil, a instrumentos e decoração típicos de carros de pista Volkswagen se esforçou para afirmar que o modelo é distinto do New Beetle, lançado em 1998 na Europa. "Uma das primeiras ações no desenvolvimento do Fusca foi jogar fora o vaso de flor do painel. Para atingir um público maior e, principalmente, mais masculino, criamos um carro com estilo e comportamento mais esportivo", afirma o chefe de design da Volkswagen do Brasil, Luiz Alberto Veiga.
Além de perder o delicado vaso, o painel agora apresenta um sistema de som com touch screen e Bluetooth, apliques plásticos decorativos (padrão fibra de carbono) e um conjunto com três (não tão inocentes) instrumentos: cronômetro, manômetro do turbo e termômetro de óleo. A utilização de corrobora as informações do designer brasileiro. De fato, a cabine trocou os adereços femininos por atrações que enchem os olhos dos meninos.
Mais que meramente decorativos, os instrumentos são funcionais. Eles permitem ao piloto acompanhar a disposição do motor quatro cilindros 2.0 com turbo e injeção direta de gasolina. "É o mesmo do Jetta TSI, com escape redimensionado para produzir um ronco mais encorpado", diz Roger Tadeu Guilherme, gerente de motores. Isso explica a repetição dos números de potência (200 cv a 5 100 rpm) e torque (28,5 mkgf a 1 700 rpm).
O melhor é usufruir da novidade. As trocas de marcha acima de 4000 rpm são seguidas de um "pipoco" típico de carros de pista ou dos esportivos de sangue quente do Grupo Volkswagen, como o Audi TTS. Essa sonoridade, no entanto, se faz mais presente nos Fusca equipados com DSG (o câmbio com dupla embreagem da marca, com trocas super-rápidas). Quem optar pela transmissão convencional (manual de seis marchas) terá que se contentar "somente" com o urro grave, sem os instigantes estouros no escapamento.
Em nossa pista de testes, em Limeira (SP), o Fus- ca mostrou que seu apelo esportivo vai além de bons números de ficha técnica. O powertrain (motor 2.0 TSI mais câmbio DSG) continua mostrando-se um dos mais eficientes da atualidade. De pé embaixo, o Fusca acelera de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos. Nas provas de consumo, em que a meta é a economia de combustível, o VW registrou média urbana de 9,7 km/l e rodoviária de 13,1 km/l. O "velho New Beetle", testado por QUATRO RODAS, cumpriu as mesmas provas em respectivamente 13,1 segundos, 8,9 km/l e 12,4 km/l.
Molas e amortecedores têm acerto notadamente esportivo, o que está longe de representar desconforto e sensibilidade excessiva a irregularidades do asfalto. Lançado em julho de 2011 na Europa, o Fusca é montado sobre a plataforma do Golf de sexta geração, conhecida como PQ35, que deve ser aposentada pela MQB, que já serve de base para os novos hatches médios do Grupo VW, Golf VII e Audi A3, ambos apresentados em 2012.
Carro global, nome local
Henrique Sampaio, gerente de marketing, diz: "Para esta geração, a matriz liberou o batismo do carro com nomes locais. Na França se chamará Coccinelle e na Itália, Maggiolino. No México, onde é produzido o carro que será vendido por aqui, é provável que se adote o nome Vocho". No Brasil, a VW realizou clínicas com potenciais clientes para a eleição do nome. Mas nem precisaria. "Fusca foi a escolha quase unânime", diz Sampaio. Alguém tinha dúvida?
Com 4,28 metros de comprimento, 1,81 de lar- gura, 1,49 de altura e 2,54 de entre-eixos, o Fusca é 15,2 cm mais longo, 8,4 mais largo, 1,2 mais baixo e 2,2 maior de entre-eixos que o New Beetle - números que tornam o lançamento o maior de toda a linhagem. O Fusca transporta até quatro ocupantes e seu porta-malas agora comporta 310 litros, 101 a mais que o antecessor.
Vendido em versão única, o Fusca oferece de série quatro airbags (dianteiros e laterais), ABS, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, direção hidráulica, ar-condicionado convencional, coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, iluminação da cabine com três opções de cor e rodas aro 17. Apresentado o conteúdo, hora do preço: tentadores 76 600 reais. Antes de quebrar o cofrinho, entretanto, vá com calma. Um modelo com todos os opcionais, igual ao cedido para nossa avaliação, sai 33,5% mais caro (102271 reais). Parte considerável do molho do novo Fusca é paga à parte: faróis de xenônio e leds (3 680 reais), bancos dianteiros esportivos (4 190 reais) e sistema de som premium da marca Fender (1 630 reais) são alguns dos valiosos opcionais.
No entanto, mesmo que você fique com o catálogo de entrada, levará para casa uma das melhores opções do mercado entre os carros que reúnem esportividade e visual. Cada um dos 165 cv de um Citroën DS3 custa 484 reais e de um Mini Cooper JCW (211 cv), 663 reais. Para efeito de comparação, o Fusca básico tem custo por cavalo de 383 reais e o completo, de 511 reais. Seja qual for a opção, tratase de pacotes atraentes.
Bemacabada e com materiais de boa qualidade, a cabine do Fusca revela pontos de contato com seu ancestral, o velho Fusca. Porta-luvas frontal, volante de aro fino e pedal do acelerador com eixo na parte inferior, junto ao assoalho, conectam o piloto do modelo 2013 com o passado.
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Créditos: Quatro Rodas
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